Apontamentos sobre mito, logos, religião e modernidade a partir de Franz Hinkelammert
Palavras-chave:
mito, logos, labirinto, modernidade, capitalResumo
O presente artigo versa sobre a relação entre mito, Logos, religião e modernidade. Com o avanço do modo de produção capitalista no mundo, o pensamento mítico resiste à proposta da racionalidade da vida. Movido pela lógica do Logos – mas não exclusivamente -, a modernidade sustenta-se entre racionalidade e narrativas. É entendida como um labirinto, isto é, onde é possível entrar, mas é impossível sair senão através do auxílio de um fio condutor, o fio de Ariadne. Segundo Franz Hinkelammert (1931-2023), economista e filósofo alemão, a modernidade possui um mito fundador, o mito de que Deus se fez humanidade, se fez ser humano. Isto é, o ser humano possui agora condições de construir sua história, de humanizar-se ou não. Segue que o mito fundador está expresso claramente com o surgimento do cristianismo. Este, por sua vez, entra em crise com o Iluminismo, mas não se extingue. A religião, passa a ser observada com suspeita e o Capital a substitui gradativamente. Àquela pende aos interesses do pharmakon – entendido aqui como uma drogadição entorpecedora - burguês, estimulando aqueles que produzem as mercadorias a renunciar não somente à responsabilidade de alterar minimamente sua condição de classe, mas fazê-los pensar que o sistema é um castigo que tem que aceitar. Neste sentido, o labirinto atual pode ser classificado como uma barbárie civilizada. Possui um Logos civilizatório, um mito fundador. Ambos, sob o jugo do Capital.